terça-feira, 17 de março de 2009

Texto atribuído a MENTOR MUNIZ NETO, diretor de criação e sócio da Bullet, uma das maiores agências de propaganda do Brasil, sobre a crise mundial.

Créditos a Giulia Maia

"Vou fazer um  slideshow para você. 
Está preparado? 
É comum, você já viu essas  imagens antes. 
Quem sabe até já se acostumou com elas. 
Começa com  aquelas crianças famintas da África. 
Aquelas com os ossos visíveis por  baixo da pele. 
Aquelas com moscas nos olhos. 
Os slides se  sucedem. 
Êxodos de populações inteiras. 
Gente faminta. 
Gente  pobre. 
Gente sem futuro. 
Durante décadas, vimos essas  imagens. 
No Discovery Channel, na National Geographic, nos concursos de  foto. 
Algumas viraram até objetos de arte, em livros de fotógrafos  renomados. 
São imagens de miséria que comovem. 
São imagens que  criam plataformas de governo. 
Criam ONGs. 
Criam entidades.   
Criam movimentos sociais. 
A miséria pelo mundo, seja em Uganda ou  no Ceará, na Índia ou em Bogotá sensibiliza. 
Ano após ano, discutiu-se  o que fazer. 
Anos de pressão para sensibilizar uma infinidade de  líderes que se sucederam nas nações mais poderosas do planeta. 
Dizem  que 40 bilhões de dóares seriam necessários para resolver o problema da  fome no mundo. 
Resolver, capicce? 
Extinguir. 
Não haveria mais  nenhum menininho terrivelmente magro e sem futuro, em nenhum canto do  planeta. 
Não sei como calcularam este número. 
Mas digamos que  esteja subestimado. Digamos que seja o dobro. 
Ou o triplo. 
Com 120  bilhões o mundo seria um lugar mais justo. 
Não houve passeata, discurso  político ou filosófico ou foto que sensibilizasse. 
Não houve  documentário, ONG, lobby ou pressão que  resolvesse. 
Mas em uma semana, os mesmos líderes, as mesmas  potências, tiraram da cartola 2.2 trilhões de dólares (700 bi nos EUA, 1.5  tri na Europa) para salvar da fome quem já estava de barriga cheia. Bancos  e investidores. 

Como uma pessoa comentou, é uma pena que esse texto  só esteja em blogs e não na mídia de massa, essa mesma que sabe muito bem  dar tapa e afagar... 
Se quiser, repasse, se não, o que importa?   
"O nosso almoço tá garantido  mesmo..."

 

Thiago Martins
        publicitário


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